Uma acalorada discussão ocorreu no plenário da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira, 24, entre o deputado federal Ricardo Ayres (Republicanos) e o deputado federal Bibo Nunes (PL), representante do Rio Grande do Sul. O embate teve origem quando Bibo Nunes criticou veementemente o Mais Médicos alegando que seria crime ter profissionais do exterior atendendo a população, e Ricardo Ayres prontamente reagiu em defesa do programa.
Durante seu discurso enérgico, Ricardo Ayres destacou que seria um verdadeiro crime negar o acesso à saúde àqueles que mais necessitam, especialmente nos estados do Norte do país, onde a falta de atendimento médico tem custado vidas. “O Mais Médicos é essencial para atender a população ribeirinha e as comunidades tradicionais, garantindo atendimento médico onde a ausência de profissionais é preocupante”, disse.
Ayres fez questão de enfatizar que o crime real não seria convocar médicos formados no exterior para suprir as vagas do Mais Médicos, caso não seja possível preenchê-las com profissionais brasileiros. “O verdadeiro crime é negar o acesso à saúde, levando à morte de pessoas por falta de atendimento adequado”, asseverou o parlamentar.
O deputado destacou que, embora no Rio Grande do Sul a situação possa ser diferente, em estados como o Tocantins e outras regiões do Norte e Nordeste do Brasil, a população sofre com a falta de atenção da saúde pública. Ele defendeu o Mais Médicos como uma solução crucial para suprir essa demanda e garantir o acesso universal à saúde.
Ricardo Ayres ressaltou que a intenção é valorizar os médicos brasileiros, proporcionando-lhes salários mais dignos, formação e especialização adequadas. No entanto, ele argumentou que, mesmo com médicos formados no exterior, desde que passem pelos mesmos processos de especialização e formação, é necessário levar atendimento médico a regiões onde esses profissionais ainda não chegam.
Mais Médicos no Tocantins
Após um período de dois anos de inatividade, o programa Mais Médicos retoma suas atividades, trazendo uma oferta de 5.970 vagas para todo o Brasil, sendo 47 vagas para o estado do Tocantins. Dessas vagas, 30 são destinadas à reposição de profissionais e outras 17 são para ampliação do programa. Com isso, espera-se beneficiar um total de 34 municípios do estado.
Além dos médicos brasileiros registrados no Brasil que terão prioridade na seleção, também poderão participar brasileiros formados no exterior ou estrangeiros, que continuarão atuando com Registro do Ministério da Saúde (RMS) em vagas não ocupadas por médicos com registro no país.
Remuneração
No Mais Médicos, o salário (bolsa-formação) será de R$ 12.385 para 32 horas de atividades práticas nas Unidades Básicas de Saúde e 8 horas reservadas para a formação teórica. Além da bolsa, médicos terão auxílio moradia e auxílio alimentação que deve fazer o valor chegar a R$ 15 mil, fora isso, um adicional de 10% a 20% será pago aos médicos que aceitarem trabalhar em municípios mais vulneráveis por pelo menos três anos e os médicos com formação pelo Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior) terão um adicional de 40% a 80% da soma total das bolsas de todo o período que esteve no programa. No caso de médicos do Fies residentes de medicina de família, um auxílio para quitar as dívidas do financiamento também será oferecido.
Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados